Abuso Emocional por um Parceiro Íntimo

A libertação da violência é um aspecto crítico do empoderamento das mulheres e de uma maior igualdade de género. Por conseguinte, este indicador mede a proporção de mulheres que nos últimos 12 meses sofreram abuso emocional por parte de um parceiro íntimo actual ou anterior. Considerando a sensibilidade da recolha dos dados necessários, este indicador deve ser utilizado apenas em intervenções que abordem especificamente a prevenção e a resposta ao abuso emocional.

Recolher os seguintes dados através da realização de entrevistas individuais com uma amostra representativa de mulheres entre os 15 e 49 anos de idade:

QUESTÕES RECOMENDADAS PARA O QUESTIONÁRIO (Q) E POSSÍVEIS RESPOSTAS (R)

P: Alguma vez teve um parceiro íntimo? Por parceiro íntimo, refiro-me a alguém com quem casou ou com quem viveu junto em qualquer momento da sua vida.

R: sim / não / não respondeu

(colocar as seguintes perguntas apenas se a resposta anterior for SIM)

Introdução: Vou agora perguntar-lhe sobre algumas situações que se verificam em muitas mulheres. As perguntas dizem respeito a todos os parceiros íntimos que teve ao longo da sua vida. Por favor, tenham a amabilidade de me dar respostas honestas - garanto-vos que as partilharei não com qualquer pessoa que viva nesta zona. Se alguém se aproximar de nós, mudarei o tema da nossa entrevista. No caso de não desejar resposta algumas das perguntas, não não tem de o fazer. Posso continuar?

A0: a inquirida deu o seu consentimento / a inquirida recusou continuar

Q1: Nos últimos 12 meses, o seu parceiro actual ou anterior insultou-a fortemente ou fê-la sentir-se muito mal consigo mesma?

R1: sim / não / não respondeu

Q2: Nos últimos 12 meses, o seu parceiro actual ou anterior humilhou-a em frente de outras pessoas?

R2: sim / não / não respondeu

Q3: Nos últimos 12 meses, o seu parceiro actual ou anterior fez coisas para a assustar ou intimidar de propósito, por exemplo, pela forma como olhou para si, gritando ou destruindo coisas?

R3: sim / não / não respondeu

Q4: Nos últimos 12 meses, o seu parceiro actual ou anterior ameaçou magoá-la a si ou a alguém de quem gosta?

R4: sim / não / não respondeu

Em todos os casos em que a resposta é SIM, recomenda-se (embora não seja necessário), que coloque também a seguinte questão:

P: Nos últimos 12 meses, diria que isto já aconteceu uma, algumas ou muitas vezes?

R: uma vez / algumas vezes / muitas vezes

Para calcular o valor do indicador:

  1) excluir as inquiridas que não reportaram qualquer incidência de abuso emocional, mas recusaram ou não conseguiram responder a uma ou mais perguntas

  2) dividir o número das restantes inquiridas que responderam "sim" a uma ou mais das perguntas (Q1-4) pelo número total de inquiridas (não conte as que excluiu na etapa 1)

  3) multiplicar o resultado por 100 para o converter numa percentagem

Desagregar os dados por grupo etário do inquirido, estado civil, etnia e outros factores, dependendo do contexto local.

1) A recolha de dados sobre a violência baseada no género é sensível e pode causar danos graves. Aproveite o Guia Rápido do IndiKit para recolher dados de inquérito sobre VBG (ver abaixo) para saber como minimizar o risco de qualquer dano e assegurar a qualidade desejada dos dados recolhidos.

2) Assegurar que os colectores/as e as inquiridas compreendem que as perguntas estão a tentar captar a proporção de mulheres que sofreram abusos de um parceiro íntimo nos últimos 12 meses. Contudo, esse parceiro pode não ser 1) o parceiro actual ou 2) alguém com quem esteve nos últimos 12 meses. Pode ser qualquer parceiro íntimo que a inquirida tenha tido em qualquer momento da sua vida. Por exemplo, o parceiro pode ser alguém com quem ela já não vive, mas que continua a abusar dela.

3) Considerar a inclusão de uma questão adicionalavaliando se a mulher que sofreu violência emocional falou com alguém sobre isso e, em caso afirmativo, com quem (usar categorias gerais, tais como "um amigo" - não perguntar sobre pessoas ou nomes específicos).

4) A orientação para este indicador foi desenvolvida com base no Estudo Multipaíses sobre a Saúde das Mulheres e Violência Doméstica contra as Mulheres da OMS (2005).